Proposta de jornada de até 24 horas pode comprometer a segurança viária e a saúde dos profissionais, afirmam representantes do Sinatran/DF
Nos últimos meses, o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran/DF) tem enfrentado diversos problemas de gestão, com atrasos na entrega de documentos e atendimentos precários. A Associação dos Agentes de Trânsito do Detran/DF e o Sindicato dos Agentes de Trânsito do Distrito Federal (Sinatran/DF) afirmam que o órgão tem demonstrado desconhecimento tanto em relação ao trânsito quanto à sua própria estrutura.
Porém, mesmo diante dessas adversidades, os agentes de trânsito têm desempenhado um trabalho excelente, recebendo elogios constantes e reduzindo significativamente o número de mortes no trânsito. Eles não concordam com a precariedade dos serviços prestados em prol da sociedade.
Nesse cenário conturbado, o Sinatran/DF rejeita veementemente a proposta da Direção Geral do órgão de implementar uma escala de trabalho que implicaria em atividades de direção e atuação em períodos alternados, diurnos e noturnos. Segundo o sindicato, essa medida levaria os agentes de trânsito a se manterem acordados por até 24 horas, e ainda assim na condução de veículos de emergência e realização de operações de risco de vida, o que representaria um grave perigo para a segurança viária e para a população do Distrito Federal.
O Sinatran/DF alerta que a escala proposta pela Direção Geral do Detran/DF significaria uma redução do efetivo, chegando até mesmo a impossibilitar a realização de operações e fiscalização no período noturno, o que poderia resultar em altos números de óbitos nas vias do Distrito Federal. Além disso, a escala proposta também levaria os agentes de trânsito a conduzir veículos de emergência em desacordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), comprometendo ainda mais a segurança do trânsito.
A jornada proposta geraria uma alternância contínua de horários de sono e atividade, impossibilitando a adaptação do relógio biológico, o que levaria ao exercício da atividade em condições adversas na maior parte dos casos. “Essa escala proposta já se mostrou ineficiente e perigosa para a população e para a atividade dos agentes de trânsito, principalmente no período noturno, motivo pelo qual foi abandonada por todos os órgãos de trânsito e segurança que praticam a condução de veículos e operações de risco rotineiramente durante a atividade. A própria direção propõe a redução do efetivo à noite, o que praticamente acabará com a disponibilidade de viaturas de trânsito e fiscalização nos períodos noturnos”, alerta o presidente do Sinatran/DF, Adjayme Melo.
O Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) concedeu um prazo de 90 dias para o Detran regulamentar a escala noturna, sem cogitar extinguir a escala noturna. Caberá ao órgão regulamentar, o que inclusive serve para evitar que gestores sem conhecimento alterem aleatoriamente a escala. “Nossa visão é que a Direção Geral do órgão optou pelo caminho mais curto, desconsiderando estudos e resultados, para não precisar regulamentar a escala. Os agentes de trânsito estão preocupados com o retrocesso e a falta de conhecimento em segurança no trânsito. Precisamos de uma gestão com conhecimento e comprometida com a segurança viária e a valorização dos profissionais que atuam nessa área”, complementa o presidente do Sinatran/DF e da Associação dos agentes de trânsito do DETRAN-DF.
Considerando a gravidade da proposta apresentada pelo Detran/DF, é essencial que as autoridades competentes ajam de forma imediata para garantir a segurança dos agentes de trânsito e da população. A gestão do Detran/DF precisa reavaliar sua decisão e considerar as demandas dos profissionais que trabalham diariamente para garantir a segurança viária no Distrito Federal. É imprescindível que sejam tomadas medidas efetivas para garantir a integridade física e emocional desses agentes, que desempenham um papel fundamental na sociedade.
O Sinatran/DF já vinha expressando preocupação sobre a eficiência do órgão há algum tempo, mas agora a situação atingiu um ponto crítico, colocando em risco a vida não apenas dos agentes, mas também da população em geral.